As crianças de hoje, fruto da muita informação com que são bombardeados diariamente, têm cada vez mais argumentos para desconcertar pais indefesos... Ora vejam este exemplo... A minha filha de sete anos ainda não adormece sozinha. Eu sei que a culpa também é minha... afinal, sempre a habituei a adormecer com companhia. Depois da leitura de uma história, ou eu ou o pai ficávamos no quarto, junto à cama dela, até que adormecesse. Foi essa a rotina durante anos. Mas, desde há algum tempo, que estou a tentar que, depois da leitura da história, ela fique sozinha no quarto e que seja capaz de adormecer sem companhia. Ela resmunga sempre. Todas as noites. O pior é que o processo demora algum tempo porque nos chama dez vezes (chamada a que respondemos sempre para que sinta que estamos por perto) e pede, com voz meiga, para ficarmos lá 'só um bocadinho'. Acaba por adormecer, fruto do cansaço. Às vezes, o cansaço é nosso e acabamos por ceder e ficar lá o tal bocadin
A avó de cabelos brancos e óculos na ponta do nariz que faz tricot e traz um xaile às costas desapareceu... É uma imagem ultrapassada, já repararam? Apercebi-me deste facto de uma forma caricata quando, há alguns dias atrás cantei à minha filha (como em tantos outros dias desde que ela nasceu) a mesma canção que a minha avó me cantava para eu adormecer... Começava assim: ' De mãos enrugadas, já trementes com as lunetas sobre o nariz A minha avozinha, já sem dentes, contava histórias que me faziam feliz ' A ideia de uma avó de mãos enrugadas e trementes fez-me, de repente, confusão... Pensei na minha mãe (cheia de energia para dar e vender), agora avó e apercebi-me que a letra desta canção não deve fazer sentido nenhum na cabeça da minha filha! Afinal, a avó dela (a minha mãe) não é de todo assim... Ou seja, o conceito de avó que hoje ela tem é, com certeza, muito diferente do meu... A verdade é que esta 'avozinha' de mãos enrugadas, trementes e